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PROMESSAS SONORAS DO GUETO

Atualizado: 29 de out. de 2021

É inegável a diversidade sonora encontrada nas periferias do Brasil. Através dessa perspectiva, te apresentamos Paige e Well, duas vozes que tem ecoado pelos becos e vielas de suas cidades, se harmonizando em batidas ancestrais e inovadoras.




Celebrar a sonoridade preta e periférica é reconhecer sua importância na história da música brasileira. É uma corrente que serviu de base para toda a identidade da música contemporânea e tem sido, de fato, parte integrante de toda a sonoridade brasileira.


Através do projeto “PROMESSAS SONORAS DO GUETO”, buscaremos celebrar a natureza da música preta periférica, bem como reconhecer as injustiças históricas para artistas e músicos negros. Do funk ao samba, do mpb ao hip hop, a influência da música negra na música brasileira como um todo é inegável e totalmente notável. A ideia é reconhecer, como a música negra da periferia se tornou a base e o futuro promissor que essa herança cultural deixou para todos nós.

Um fato bem conhecido é que Belo Horizonte é uma das capitais consideradas berços da musicalidade brasileira. Durante anos, os artistas de BH serviram como guardiões da cena, e mesmo na maioria das vezes não tendo grande reconhecimento ou sendo os principais beneficiados da indústria da música e tudo o que ela tem a oferecer.


Mas, nos últimos 4 anos, vimos uma mudança na maré. Vimos artistas como Djonga, Clara Lima, Fbc, Sidoka, Iza Sabino, Abbot e Fenda alcançarem um sucesso monumental, tanto em Belo Horizonte quanto nos outros estados, e isso são apenas alguns exemplos.


Falamos com Well e Paige sobre questões que os afetam como jovens músicos da periferia, curiosidades sobre as suas carreiras, e seus projetos recentes que possuem uma sonoridade pra lá de inovadora.



PAIGE



Vamos falar sobre o EP “Imagina a gente”! Primeiro de tudo, de onde veio o nome?

O nome é de uma canção do Ep, e eu já tinha essa song a muito tempo, além de ser um nome que eu gosto, assim que veio a ideia de ter um ep esse nome apareceu na cabeça, essa frase traz muito a minha personalidade a tona.

Quais eram suas intenções por trás deste projeto?


Eu tinha a intenção de fazer um ep de R&B que iria ser o meu primeiro trabalho falando sobre as diversas formas de afeto, sobre amor e relacionamentos. E também uma forma de abrir mais uma porta no mercado pra mim!!










Fale comigo sobre a evolução de sua carreira até agora, como você desenvolveu seu estilo?


Eu sempre gostei de ser diferente e autêntica, acho que meu estilo isso definitivamente é um mix da minha personalidade e vivência. Minha carreira é o meu foco central desde sempre, eu já tive diversas fases de estilo na minha vida e todas elas complementam para hoje eu ser quem eu sou na minha carreira.


Sua música claramente não é unidimensional. Alguns dizem que você é uma artista de rap, pop, R&B, até mesmo uma artista trap soul. Você colocaria sua música em um determinado gênero? Eu diria que minha música é Pop, e pra mim o mais interessante nisso tudo é você ser original e versátil, além do gênero. Essa diversidade musical que levo comigo representa quem eu sou e da onde eu vim. Mas o meu foco é o mercado da música Pop.





Ser artista em uma pandemia, durante uma crise econômica e social pode ser agridoce às vezes, mas muito gratificante. Requer muita dedicação e trabalho! Quanto sua equipe contribui para o seu sucesso? A pandemia foi um desafio e ainda é, na carreira o mais instável foi o financeiro e a saúde mental! A minha equipe e pessoas que estão do meu lado são muito necessários no meu trabalho, falo na questão de disponibilizarem estrutura e ferramentas para a execução do meu trabalho até o planejamento tbm, fora quem acredita no meu sonho e faz de tudo para manter e abrir portas.

Podemos esperar um novo lançamento ainda em 2021? Sim hehe. Da minha MOB Fenda! É tudo que posso dizer por enquanto :) Deixando a música de lado, o que você gosta de fazer por diversão? Comer e assistir filmes e vlog.






Uma música que define a adolescente que você foi? When I grow up - Pussy cat dolls A música que te deixaria direto na pista de dança? Iza Sabino - De onde eu vim Melhor música para terminar a noite toda?

Ur best friend - Kiana lede feat Kehlani

WELL





Descreva seu estilo em três palavras?


Calmo 3x


Ouvindo Sparring, as faixas parecem se concentrar mais em sons do que em temas específicos. Isso é intencional?

Nesse projeto eu consegui pôr em prática algumas coisas que há tempos queria experimentar. Quando começamos o projeto SPARRING, queríamos que ele soasse de um jeito diferente dos meus outros trampos mas que continuasse com minha assinatura ali. Minha vivência no mundo do design colaborou bastante para que eu pudesse ir além das palavras para encontrar uma nova forma final, saca? Deu pra abstrair um pouco e buscar outros recursos pra chegar na mesma conclusão.


Ser um “underdog” te ajudou a chegar ao fabuloso resultado de “fml”? Conta pra gente.

Os dois sons citados vem das mesmas influências que absorvo a vários anos, cada uma de um estilo mas tudo parte do mesmo núcleo. Foi de fato uma evolução passear por tantos gêneros e conseguir criar algo que soasse original. Acredito que esses dois sons ilustram começos de duas fases diferentes do meu corre. A energia é a mesma…





Ser um jovem periférico no Brasil atualmente e um artista independente não é, e nunca foi fácil. Sendo ambos, onde você busca se motivar dentro de um país com tão poucas oportunidades e recursos para essas pessoas?


O que me mantém motivado em meio a tanta confusão e falta de oportunidade é saber que o que eu tô fazendo aqui serve para me comunicar com outras pessoas que têm uma vivência parecida com a minha. Verbalizar essa correria acaba refletindo na outra ponta, a que recebe o som pronto. E o processo de criar também me mantém forte e esperançoso. Apesar de todas as dificuldades que eu enfrento pra manter o corre respirando.No fim do dia saber que fez diferença no dia de alguém, seja pra motivar ou só pra gastar uma onda, vale a pena.


Há também um sentimento de você estar contra o sistema no “SPARRING”. Como está sendo transitar na indústria da música como rapper independente em 2021?


Na minha perspectiva meu corre não faz parte dessa tal indústria. Sei lá, eu sinto que eu corro por fora, com objetivos diferentes. Antigamente quando esse mercado ainda estava se formando eu tentei adequar até perceber que não era isso que eu queria. Hoje eu faço meu corre tranquilo sem olhar muito pro “glamour” da cena, entende? Atuo em outras frentes pra poder manter a geladeira cheia e as contas pagas e pra não ter que moldar a minha arte a um padrão que não me encaixo.. se um dia eu acertar uma no tiktok pode ter certeza que foi pura sorte hahahahahahha se disse que não quero que meu som pague minhas contas eu vou tá mentindo, mas eu sei que invernar nisso pode gerar muita frustração. Pé no chão sempre!





Você se sente em uma missão com o hip hop? Ou é mais sobre sua sobrevivência?


Sei lá, a palavra missão me remete a um objetivo mediante a uma ordem. Acredito que tô nessa pra construir e colaborar.


Qual é o melhor show que você já foi?

O show mais marcante foi um do racionais que assisti no fundo do espaço e deu pra ver a plateia inteira até o palco porque tava em uma parada mais alta. Eu nunca tinha visto tanta gente cantando a mesma coisa, foi barras.


Quando rolou o seu primeiro contato, e consequentemente sua identificação com o Grime?


Conheci o grime através de uns amigos que produziam música eletrônica (não lembro qual gênero). Eles me apresentaram sem mesmo saber do que se tratava direito, só falaram que podia combinar com o estilo de beat que eu tava procurando. Quando os maluco apertaram o play… foi identificação instantânea. Depois desse dia fui pesquisando e descobrindo a respeito da cena, conhecendo artistas e tô nessa até hoje rs.






Podemos com certeza considerar você como um dos maiores rimadores do Duelo Nacional de Mc 's. E de lá pra cá, vemos uma grande evolução sua como artista. Nesses mais de 10 anos de corre no hip hop, qual a diferença daquele Well do viaduto para o Well de hoje em "Proibido estacionar"?


Muita coisa aconteceu nesse tempo, né?! Acredito que o que mais conquistei com o tempo foi a maturidade e profissionalismo. Foi muito murro em ponta de faca até conseguir manejar os projetos e deixar do jeito que idealizo e tudo de forma independente. Me sinto orgulhoso com todo conhecimento adquirido nessa caminhada… e ainda sinto que ainda tenho chão pra correr.


Então, nós podemos esperar que em 2022 virão muitas outras novidades e explorações sonoras da sua parte?


2022 é marcha atrás de marcha e barras atrás de barras (assim espero).








Se você pudesse passar uma hora com um artista da história, quem seria?


Perguntaria pro Skepta qual foi a onda de Lay Her Down.


Uma letra de música que te inspirou?


A Vida é desafio dos Racionais.


Um álbum que você manteria para sempre?


TPAB do Kendrick.


Uma música que as pessoas não esperariam que você gostasse?


"Eu tenho a senha" do João Gomes.









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