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REPRESENTATIVIDADE PERIFÉRICA NO GRIME & DRILL BR

Um novo subgênero para a inclusão de jovens marginalizados no cotidiano das cidades, oferecendo novas oportunidades de serem vistos e ouvidos.


Pela falta de representatividade negra e periférica nos meios de cultura comuns enquanto estávamos crescendo (TV, rádio, teatro, shows e escola), refletimos sobre a desigualdade racial, mas principalmente evoluímos pensando como vamos agir sobre ela, e a proposta é de reconhecermos e afirmarmos a cultura negra e periférica por nós mesmos, aquele papo de: nois por nois. 
E hoje, o que antes outros viam como vergonha, seguimos exaltando, virou moda. Isso vai desde o nosso estilo de vida, costumes, roupas, marcas usadas, etc.


A popularização periférica nas redes sociais trouxe mudanças incríveis entre a favela e a cidade, se apresentando como uma nova ferramenta para a inclusão desses grupos marginalizados no cotidiano das cidades, oferecendo novas oportunidades de serem vistos e ouvidos.

As populações em situação de pobreza e exclusão enfrentam não apenas a escassez de recursos financeiros e de acesso à serviços e direitos básicos, mas também enfrentam um fenômeno chamado “pobreza de voz”, que pode ser entendida como "a incapacidade das pessoas para influenciar as decisões que afetam suas vidas e o direito de participar dessa tomada de decisão.” (TACCHI, 2009, p. 169). Uma vez que essas pessoas não possuem meios de participar das decisões que afetam diretamente suas vidas.


Então, podemos considerar que a identidade do residente da favela é influenciada não apenas pelo ambiente onde ele vive, sua ancestralidade, história e cultura, mas também pela oposição com aquilo que não é, ou seja, morador do asfalto, dos bairros de classe alta... Assim, podemos afirmar que o morador da favela não se sente parte do resto da sociedade comum, sendo ele distanciado dela contra sua própria vontade, tanto que a sociedade não sente que o favelado faz parte dela, transformando-o no “outro”.


No movimento do rap e seus subgêneros, observamos alguns artistas que mesmo em grande ascensão continuam mantendo a essência e estética da quebrada, seja nas letras de suas músicas, nos visuais de suas fotos ou em suas vivências rotineiras em evidência nas redes sociais.


N.I.N.A e Big Bllak são alguns desses poucos artistas que têm conquistado espaços fora da favela e levado um pouco da favela para esses espaços que também nos pertencem por direito. As vivências de ambos, o incentivo em suas letras junto do grime e drill “abrasileirado”, já que eles transformaram gêneros nascidos em outro país e adaptaram consoante as suas vidas aqui no Brasil, suas expressões, visões musicais e artísticas.

Eles estão quebrando um paradigma de que, nao é apenas porque o ritmo nasceu na gringa, devemos agir como eles em todos sentidos. Podemos fazer do nosso jeito, com os nossos, celebrando as nossas raizes, heranças e história. Fugindo desse padrão europeu de drillers e grimes com balaclavas, moletons com capuzes, luvas sport da Nike e cuecas da Supreme. Dessa forma podemos dizer que eles se tornaram algo além de artistas, e hoje são artistas-políticos, indo além das expectativas comuns esperadas pela sociedade do jovem artista de periferia, mas daquelxs que trazem orgulho para todos que vivem e entendem o movimento hip-hop brasileiro.


N.I.N.A é uma grande artista, teve grande repercussão em sua participação num episódio no Brasil Grime Show, e após receber grande visibilidade, abriu mão de várias coisas pessoais para se dar a oportunidade de sonhar com esse futuro artístico em que ela se consolida nos dias de hoje, como uma das maiores rappers. Atingindo públicos muito além do feminino, N.I.NA conta basicamente várias das suas vivências, opiniões escancaradas e sentimentos nas letras underground, expressando a sua juventude baseada na Zona Norte do Rio de Janeiro, cria de baile, cresceu sendo ouvinte de funk proibidão..


Big bllak não é diferente, cria da CDD na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ele se destacou em sua participação na primeira temporada do Brasil Grime Show, atingindo a marca de mais de 1 milhão de vizualizações, tanto que após a grande repercussão de suas músicas o exército brasileiro no qual ele fazia parte naquele momento, veio ao exilar de suas atividades como tal por sua associação com o rap. E o artista transformou essa "rejeição" social em força para continuar no hip hop. Cria das batalhas, hoje atuando como um dos maiores rappers do eixo sudeste brasileiro, e um dos iniciantes a concretizar fortemente o movimento drill br na cena nacional, tanto que ele é idealizador do movimento RJ CULT DRILL.


Ambos estiveram em Belo Horizonte para alguns shows em eventos com temática voltada para o Grime, e tivemos a oportunidades de encontrar N.I.N.A no hotel em que ela estava hospedada, numa das partes mais nobres do centro de BH, e com Big Bllak na Zona Norte de BH na casa da Maysa, uma das suas amigas e uma das videomakers criadora do clipe de "LEBRON JAMES", enquanto ele fazia tranças no seu cabelo com Ynaê. Fizemos um editorial com os dois artistas para podermos juntos celebrarmos essa representatividade tão valiosa para a cena de hip-hop brasileira.



N.I.N.A














BIG BLLAK















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